
O RAP TAMBÉM É MULTIMÍDIA
O principal rapper carioca Marcelo D2 inaugurou uma nova forma de multimídia no Rap com o álbum/longa 'Amar É Para os Fortes', lançado no fim de 2018.
Marcelo D2, como o grande nome da música brasileira que é, apresentou no dia 31 de agosto, seu mais novo álbum, Amar é Para Os Fortes. O álbum traz um formato de ópera-rap em uma obra transmídia, o conceito de álbum audiovisual, onde não apenas todas as canções possuem um clipe, mas o álbum todo é também um filme, que se utiliza do áudio do álbum como trilha sonora."D2" buscou fazer um trabalho que funcionasse junto ao filme, mas também sozinho, como álbum, por isso trabalhou como músico, compositor, arranjador e diretor do projeto.
O modelo de álbum visual – ou obra transmídia – vem sendo bastante usado nos últimos anos, mais por artistas internacionais, é verdade. No entanto, Marcelo D2 fez um trabalho tão bem feito que acende uma chama de esperança para ver outros brasileiros também trilharem esse caminho. A vantagem de trabalhar o audiovisual é que tudo sai da imaginação e ganha forma, é como viajar pela cabeça do autor. Claro que usar as próprias ideias e criar os próprios personagens também é um exercício muito válido, mas, às vezes, matar a curiosidade da exatidão é bem mais satisfatório.
Um projeto de artista gigante, como é D2, falando da realidade de tanta gente. Do samba do asfalto carioca, D2 segue o roteiro e pega a estrada que o conduz à nação nordestina no toque da sanfona de Marcelo Jeneci em Resistência cultural (Marcelo D2 e Nave Beatz) sem se afastar da trilha do rap. A voz de Gilberto Gil, convidado do tema, acentua o tom nordestino desse rap que D2 já havia lançado em março de 2017 em (outra) gravação feita com o toque da rabeca de Siba Veloso e, no refrão, com a voz de Helio Bentes, cantor do grupo carioca de reggae Ponto de Equilíbrio.
Na sequência da trilha, a música-título Amar é para os fortes (Marcelo D2 e Nave Beatz) faz o retorno para soar como rap à moda mais tradicional que fala em ódio, sentimento recorrente e enfrentando ao longo da narrativa do disco e do filme.
No fim, disco e filme são encerrados com a melhor música da trilha, o afro-samba-rap Filho de Obá, composto por D2 com Rogê e com o paulistano Rincon Sapiência, convidado do canto desse tema também levado no gogó por Danilo Caymmi e por Alice Caymmi.
Com Amar É Para Os Fortes, Marcelo D2 traz para o Brasil esse formato de maneira muito construída, levando, como os outros exemplos, sua obra a outro nível, além até mesmo da própria música.
Você encontra mais informações a respeito no site oficial do novo disco de Marcelo D2.