
O Pai do Hip Hop: Afrika Bambaataa
Durante a década de 60 surgem diversos movimentos históricos, teóricos e culturais que abalariam todas as formas de pensar, ver e viver política, cultura e suas relações. A contracultura, o movimento negro, o feminista e o da juventude recrudescem e o fator identidade passa a ser também uma grande questão, mediando simbolicamente as relações sociais, dualidades de ideias e disputas de poder. Entre tantos movimentos representativos, surge em 12 de novembro de 1973 a organização Universal Zulu Nation, sob a fundação de Africa Bambaataa, porém, oficialmente criada um ano após a data, nasce o Movimento Hip Hop. O termo significa saltar e girar os quadris, sendo uma referência às danças de rua que são características deste movimento cultural.

Nascido e criado no subúrbio de Nova York, mais precisamente no Bronx, como o próprio movimento, Afrika Bambaataa é o pseudônimo de Kevin Donovan, um DJ americano que percebeu, em diferentes expressões culturais e artísticas que emergiam na cultura negra e latina da periferia de Nova York, uma ótima maneira de externar os conflitos entres as gangues que construíam a cultura local e as identidades das locais.
Nos meados da década de 70, as pessoas já não se interessavam mais pelo estilo musical da discografia do Disco Music da mesma maneira como era no início da década. Apesar disso, a indústria fonográfica continuava tentando vender a discoteca de qualquer forma. O Hip Hop foi um refúgio para os inconformados e, assim, ganhou força. O funk pesado, como o de James Brown, perdeu espaço nas rádios, que passaram a tocar cada vez mais as músicas dançantes e discoteca do que o Soul. Desta forma, estabelece-se o Hip Hop como uma manifestação rebelde ao Disco Music e dando abertura para se tornar um movimento.
O movimento Hip Hop começou a ganhar muita força e trouxe como características alguns elementos: no comando da música, o DJ (Disc Jockey) é a figura emblemática que anima o ambiente; o MC (Master of Ceremony) é o responsável pelo microfone; juntos, essas pessoas constituem o Rap (Rythm and Poetry, ou seja, Ritmo e Poesia, na tradução); com movimentos corporais, o Breaking é a dança de rua mais conhecida, sendo seus praticantes chamados de “B.boy” e “B.girl”; e para fechar a apresentação, há a presença marcante das tintas, através do Graffiti, inicialmente característico das assinaturas de gangues para marcação de território, mas que se desenvolveu para se tornar uma arte plástica desenvolvida por diversos artistas.
Confira o som do Pai do Movimento Hip Hop:
A partir do início dos anos 80, o Hip Hop se estabelece como o difusor da cultura do gueto, carregando toda a sua representatividade. Com isso, a forte indústria cultural norte-americana enxergou nesse movimento e seus elementos a oportunidade de lucrar e decidiu transformar o Hip Hop em sinônimo para o Rap, em escala se classificado como gênero musical. Afrika Bambaataa percebeu a superficialidade do que o Hip Hop estava se tornando e resolveu implementar um quinto elemento ao movimento, o conhecimento, para fortalecer a história do Hip Hop e exaltar as vivências e contribuições dos criadores.